quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Viagem ao palácio real

Ouvi uma música no show d'A Banda Mais Bonita da Cidade, gostei muito e agora ela não me sai da cabeça. É uma música bem engraçada. Chama-se "Meu príncipe" e é de uma cantora e compositora pernambucana chamada Lulina. É assim:

"Meu príncipe
Não vem em cavalo branco
Não tem muito dinheiro
Mas eu o amo mesmo assim
Meu príncipe arruma toda a casa
Prepara minha comida
Enquanto eu tô no botequim

Meu príncipe me dá multiplos orgasmos
Ai meu príncipe são 13 no total
Ele limpa o banheiro
Eu trabalho o dia inteiro
Ele lava a roupa suja
E eu bebo bebo bebo
Ele briga com as crianças
E eu toco violão
Ele quer discutir a relação
E eu não..."

Para ver o clipe da música com a Banda Mais Bonita da Cidade: clique aqui.

É impressionante como essa inversão dos papéis considerados tradicionais de homens e mulheres fica engraçada em uma música e causa estranheza. Na verdade torna-se engraçada por nos parecer absurda! Aí é que vemos como esses supostos papéis estão entranhados em nós... e o pior é que muitas mulheres ainda vivem assim, como o homem dessa letra.

Mas não quero discutir esses "papéis", não hoje. Usei a música porque gostei muito dela e também para introduzir o tema da realeza no post. Príncipes e princesas: aqueles seres que só existem em contos de fada. Podem apostar, a vida real é bem mais interessante. 

Eu não gostaria de ser tratada como princesa. "Ah, e por que não? Ela é linda, rica e tem todos aos seus pés." Bom, vou contar para vocês então a estória por trás do conto!

Vida de princesa não é fácil. Todos acham ela linda, mas não sabem o esforço que ela tem que fazer para manter-se assim. Tem que estar sempre com roupa nova, saltos, maquiada e perfumada. Todos acham ela tão simpática e sorridente! Pois é, ela tem que esconder suas tristezas e ainda fazer clareamento nos dentes. E o corpo? Princesa não pode ter estria, nem celulite, nem barriga, nem peito caído. Depois que nascerem as crianças vai ter que "entrar na faca"! Ah, mas o pior de tudo é o seu príncipe. Ele é o primeiro a incentivar essa vida de aparências da princesa. Adora ter uma mulher linda ao seu lado. Pobre princesa... para completar o cenário desolador ele trata ela como se fosse um bibelô. Logo ela, que de frágil não tem nada... e que suporta toda essa pressão calada.

Não, definitivamente não quero ser tratada como princesa. Quero mais, quero ser tratada com muito respeito.







segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Uma viagem bem doce

Estou aqui bebericando. A bebida é uma Ginja de Óbidos. Bem doce, como eu gosto :-) É um licor de cerejas silvestres, mas tenho certeza que alguém me disse que eram de cerejas "selvagens"! Uau! Adorei!

Diz o rótulo: "A Oppidum é a ginja tradicional de Óbidos, produzida sem corantes nem conservantes, com as ginjas de características únicas da Aldeia do Sobral da Lagoa, concelho de Óbidos."

É feita de ginja, açúcar, álcool e água. Aliás estou vendo agora que o teor alcoólico é de 19%. Bebida doce engana... Estou na quarta tacinha e já devo estar viajando. Só isso pra explicar alguém ficar lendo rótulo enquanto bebe.

Mas não é só em Óbidos que se bebe a famosa ginjinha de Portugal, é claro que em Lisboa também. E foi lá que provei a ginja no copinho de chocolate. Hum... sem comentários. Nessa hora decidi que teria que trazer pra casa. Uma garrafa de vidro com 500 ml dentro não é exatamente leve, mas valeu o peso extra na mala. Não é em qualquer esquina da Lapa que eu degusto um copinho de ginja.

Ainda existe a opção de beber a ginjinha "com elas" ou "sem elas" (as ginjas), como se diz. A minha é "com elas", mas as ditas estão se fazendo de difíceis no fundo da garrafa, não querem minha companhia. Hoje beberei sozinha e deixarei para beber "com elas" em uma próxima oportunidade ;-)

Passeando pela muralha

A cidade de Óbidos é muito fofa. Um vendedor de biscoitos local, super simpático, me contou que a cidade sempre foi rural, baseada em agricultura, sem fábricas e os moradores tinham que fazer tudo em uma cidade maior próxima, que esqueci o nome. Até que um prefeito teve a brilhante ideia de divulgar a cidade para o mundo por conta da sua muralha medieval, que sempre esteve ali e ninguém nunca tinha dado importância. Hoje a cidade vive do turismo.

Vista da cidade de Óbidos de cima da muralha
Dentro das muralhas há várias casinhas brancas com lojinhas vendendo variados tipos de artesanato, principalmente trabalhos em ferro e cerâmica.  E ginja, é claro. Apesar de bem pequena (praticamente duas ruas) tem muitas igrejas, essas sim medievais.
Na foto acima dá pra ver lá embaixo um marco. É um monumento a Camões, onde está escrita a parte de "Os Lusíadas" na qual o autor cita a cidade.
Vale a pena conhecer. Aliás, gostaria de voltar a Portugal para ir a lugares que não conheci. E, quiçá, comprar um estoque de ginjinhas só pra mim :-)

domingo, 14 de outubro de 2012

Viajando nos relacionamentos com Raulzito

Há muitas músicas que ouvimos e cantamos sem prestar a devida atenção à letra. Tem música que é gostosa de ouvir por si só e a letra nem importa muito. Tem música que definitivamente não precisa de letra.
Letra e música - as duas coisas mexem comigo. Juntas ou separadas. Também gosto de ler as letras como se fossem poemas. Pra mim são realmente poemas. Talvez por isso eu ame tanto o Chico Buarque, embora muitas vezes escute que as músicas dele são chatas, que a voz dele é ruim. Eu não acho nada disso, amo tudo, mas tenho certeza de que essas pessoas não leram suas letras como se fossem poemas. Ah, mas o Chico merece um futuro post só pra ele. Hoje quero falar de duas músicas do Raul Seixas. Gosto dessas músicas no todo, mas as letras são o que elas têm de mais instigante. Vale se despir dos preconceitos e prestar atenção.
Uma delas é "Medo da Chuva". No geral eu entendo que ela fala de uma separação. Mas muitos detalhes e palavras me indicam que é mais que isso. O sentimento de se sentir preso e de não ter liberdade permeia todo o texto. Ele usa palavras e expressões como "escravo", "pedras imóveis" e "no mesmo lugar". Por outro lado, a chuva, de que ele tinha medo, representa a liberdade. O medo de se libertar termina porque ele percebe que "a chuva voltando pra terra traz coisas do ar." Isso é lindo! A água evapora, forma as nuvens e cai em forma de chuva de novo, só que volta diferente, traz coisas novas, coisas do ar. A água tem um ciclo, uma dinâmica, enquanto as pedras "choram sozinhas no mesmo lugar". Pra mim essa representação da chuva como liberdade e das pedras como escravidão dentro de um relacionamento é simplesmente magnífica.
Em outras passagens da letra acho que o Raul é bem mais direto, mostrando que com a "prisão" do relacionamento ele está deixando de viver sua liberdade de escolhas amorosas: "Como as pedras imóveis na praia eu fico ao seu lado sem saber dos amores que a vida me trouxe e eu não pude viver". E acho que ele vai mais longe quando diz: "porque quando eu jurei meu amor eu traí a mim mesmo". É uma frase bem forte para se pensar. Quando você "se prende" em um relacionamento você tolhe, reprime os desejos que tem por outras pessoas, você se boicota, você se trai. Você se escraviza, você tira sua própria liberdade de escolher a quem amar.
E o pensamento de Raulzito não era nada egoísta. É o que fica explícito em outra música: "A maçã". O mais bonito dessa música, pra mim, é que a liberdade no relacionamento é resultado justamente do amor: "Se eu te amo e tu me amas, e outro vem quando tu chamas, como poderei te condenar?" Isso não é lindo? ;-)
Tenho até dificuldade de citar as partes da letra que eu mais gosto. Os versos que vêm logo depois desses aí de cima também são de arrepiar: "Infinita tua beleza, como podes ficar presa que nem santa no altar?" A beleza infinita eu não entendo só no sentido puramente estético, mas a beleza infinita de ser mulher. Essa beleza infinita não pode ser restringida, não pode ficar presa, é impossível prender algo infinito. A mulher não deve ser obrigada a ficar presa "que nem santa no altar", ou seja, reprimir seus desejos, como muitas vezes é esperado de nós pela sociedade (machista).
Também adoro quando ele fala do ciúme, esse sentimento que achamos tão normal em um relacionamento amoroso. Raul admite que tem ciúme, mas que esse sentimento não passa de vaidade, sentimento de posse e que nada tem a ver com o amor que ambos sentem um pelo outro: "Amor só dura em liberdade, o ciúme é só vaidade, sofro mas eu vou te libertar". Na verdade pra mim essa parte ficaria ainda melhor se ele dissesse: "sofro, mas eu vou me libertar". Ele não tem que libertar ela, mas se libertar do ciúme - ficaria mais bonito assim (ridícula, quem sou eu pra mudar a letra do Raul! rsrsrs).
Pra finalizar o comentário dessa música acho que Raul (um adendo: acho que essa música tem parceria com o Paulo Coelho, mas não tenho certeza) expõe bem explicitamente que é a favor de relacionamentos abertos, que duas pessoas não se bastam para se relacionar sexualmente apesar de se amarem de verdade.
"Se esse amor ficar entre nós dois, vai ser tão pobre amor, vai se gastar..."
"Se eu te amo e tu me amas, um amor a dois profana o amor de todos os mortais"
"Mas compreendi que além de dois existem mais..."

Muitas letras de música expressam o que eu penso ou sinto... ou pelo menos eu as interpreto de acordo com meus pensamentos viajantes!
Até a próxima viagem ;-)

sábado, 13 de outubro de 2012

Marinheira de primeira viagem

Nunca curti muito essa coisa de blog, mas nos últimos dias andei visitando alguns tão interessantes que mudei minha opinião. Tanto que resolvi fazer um! Acho que é uma forma legal de expor ideias para quem nunca gostou muito de falar, mas adora escrever (mesmo não sendo minha especialidade!). Quem quiser pode embarcar nas minhas viagens! E não falo só das "viagens da minha cabeça", mas também de viagens de verdade, por lugares que amei conhecer. Pode chegar!